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O Homem do Futuro

Por Eron Falbo


Em tempos de pandemia a imaginação dá um salto, o que vem depois? Enquanto alguns temem um mundo de máscaras, drones, e Big Data hackeando nossas personalidades, outros sonham com uma mudança total de paradigma: a libertação do Homem. Essa tensão já estava no ar antes do debút do virús global. O Corona só pegou o controle remoto e botou o volume da discussão no máximo. Conservadores contra Liberais, Nacionalistas contra Globalistas. Quem ganha, Brexit ou o grande êxito do experimento europeu? A pandemia esvaziou as ruas e encheu a banda-larga com gritos em CAPSLOCK e figurinhas bastante ofensivas… e hilárias.


Com tudo parado, ou no mínimo bem mais devagar, deu tempo, muito, muito tempo de refletir um pouquinhozinho. Eu acredito ser um otimista, talvez até um romântico. Essa é a nossa chance de transcender. Podemos dos escombros das fake news, paranoia, e o "novo normal" encontrar a nossa versão do Ubermensch (Homem-Além) de Nietzsche. Podemos encontrar a síntese de Hegel. Ao invés de um lado sair vitorioso, uma leoa dentando uma gazela, podemos construir juntos um terceiro lado, melhor do que qualquer um dos dois, o Leão deitado com o carneiro.


Cada um defende seu canto do ringue com unhas e dentes, achando que o outro lado só pode ser louco por que no feed de Facebook só aparece uma opinião, a dele. Isso é por que os algoritmos das redes sociais são desenhados para colocar na sua frente o que você já gosta, curte e apoia.  É um fenômeno que piorou muito as brigas no grupo de whatsapp da família (onde o único algorítmo é o DNA). Hoje os membros da família conversam bem mais com os membros de suas gangues virtuais do que com seus familiares. Tudo bem, isso pode até dividir as famílias, mas a longo prazo vai educá-las, fazê-las crescer.


Como no conto de Hans Christian Andersen, A Roupa Nova do Rei, em 2008 uma criancinha olhou para o mundo e gritou "O Neoliberalismo está nú!". O sistema de empurrar crédito com a barriga ad aeternum claramente não é sustentável. Afinal, é o povo que está dando bail-outs para bancos e o gap entre as classes ricas e pobres só aumenta. Por outro lado, não adianta também tentar ressuscitar John Maynard Keynes de um caixão lacrado, se Deus quiser, por toda a eternidade. Tão pouco a Coreia do Norte, Venezuela e Cuba podem oferecer algo além de cartões postais de photoshop. A verdade é que não temos ainda, nada para substituir o neoliberalismo, mesmo que já saibamos que ele já era. Então o homem do futuro precisa saber disso.


O homem do futuro abraça o neoliberalismo por enquanto, mas não como sua bandeira orgulhosa. Ele abraça como um empreendedor sonhador abraça o emprego temporário que alimenta sua família. Ele reconcilia esquerda e direita, juntando os dois em um pensamento moderado e ponderado relegando esses termos obsoletos em um museu mental mundial.


O homem do futuro trabalha, quase sempre, de home office. Agora, com tantos serviços disponíveis de delivery, ele até corta o cabelo em casa. Com tanto tempo extra se abre um novo lugar para a alma entrar. O que antes era correria agora é silêncio. O que era pressão agora é permissão. O que antes era visto como vastas opções hoje ficou claro que eram meras distrações. A produção demasiada se torna meditação guiada, uma reprogramação de prioridades.


O homem do futuro não defende seu lado mais, pois ele está no lado de todos. Ele não está preocupado pois está preenchido. Ele reza, medita e faz yoga. Ele observa o cosmos pelo telescópio em sua varanda e aprende sobre física quântica no Coursera. Ele quer um governo regulado por blockchain e com representação direta, ele domina cada lei que rege seu bairro. Ele vende produtos locais para o outro lado do mundo. Ele pendura um lindo quadro que ele que pintou, toca música que ele que compôs e recita o poema que ele mesmo escreveu. No poema ele confessa que trocou o medo do futuro pela reverência a oportunidades.


***************


Eron começou a escrever desde muito cedo. Seu primeiro emprego foi como colunista da revista de cinema “Tablado”. Com 17 anos já ganhava dinheiro organizando festas de rock e depois tocando com sua banda em Cruzeiros transatlânticos. Com 25 anos, gravou um disco com o lendário produtor de Bob Dylan, Leonard Cohen e Simon & Garfunkel. Em Londres, onde morou por quatro anos, foi editor da revista “New Untouchables”. Hoje, é colunista da revista “Menorah”, contribui para algumas publicações esporadicamente, para seu próprio blog, eronfalbo.org, e postando conteúdo original no instagram e twitter, no @eronfalbo.


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