Entrevista: Diego Cosac, cineasta e produtor
Por Pedro Henrique de Sousa
Diego Cosac é cineasta e empresário, fundador e proprietário da produtora Crystal Pictures Entertainment. Formado em direção cinematográfica pela tradicional Escola de Cinema Darcy Ribeiro - Instituto Brasileiro de Audiovisual, dirigiu o filme "Lay" - lançado em 2019 - e trabalha em uma cinebiografia sobre a grande dama dos palcos Bibi Ferreira.

Como está sendo a quarentena para você?
Diego Cosac: Estou em quarentena há mais tempo do que a maioria das pessoas, pois minha mãe está em grupo de risco. Tenho que me cuidar por mim e por ela. Estou ora displicente e ora bastante produtivo na quarentena. Fazer da quarentena algo útil ajuda o tempo a passar mais rápido. Venho de uma família extremamente empreendedora (que emplacou grandes ícones do mundo empresarial como o Hotel Novo Mundo, a editora Cosac Naify e a mineradora e exportadora Telequartz), portanto produzir faz parte. As atividades na minha produtora estão totalmente estacionadas, no entanto, continuo criticando filmes através do meu site Cine Panorama. Mas, também na quarentena, criei um canal no YouTube que leva meu nome, conselho de dois ou três amigos, onde crítico e comento filmes e séries. Já falamos desde Luchino Visconti até a série sobre o assassinato de Gianni Versace, entre outras... realmente tenho acumulado um grande conhecimento do mundo audiovisual e compartilhar com as pessoas é maravilhoso. As pessoas respondem, pedem coisas, dão sugestões e interagem, é muito legal...
Como ficou seu trabalho na quarentena?
DC: Estamos lidando com a questão do isolamento social como um adiamento e não cancelamento de qualquer atividade na minha produtora. Estávamos a todo vapor com o suspense "Lay", que dirigi e produzi em 2019, nos festivais nacionais e internacionais e isso foi abruptamente interrompido por essa pandemia. O filme sobre Bibi Ferreira continua em andamento apenas com atrasos. Acho que é a melhor maneira de encarar isso tudo porque acredito que o mundo voltará ao normal e talvez não o normal que estamos acostumados, mas um outro normal.
Como tem lidado com o isolamento e a solidão?
DC: Muitas saudades de todos os amigos e família, das festas, eventos de arte, do cinema e do teatro, dos shows, sempre tive uma agenda social muito intensa, já cheguei a ter cinco compromissos sociais por dia...
No momento convivo com minha mãe, meu irmão, as pessoas que trabalham aqui em casa e os cachorros que são ótimas companhias.
Tenho feito videoconferências com amigos e a trabalho funciona bem melhor do que apenas ligar para a pessoa. Não é obviamente presencial, mas supre essa necessidade de estar com outro que é algo inerente da raça humana. Somos primatas sociáveis como os chimpanzés e os gorilas. Nossa sobrevivência civilizatória depende de viver e conviver em comunidade. Como se diz popularmente: "é o que tem pra hoje".
Outro ponto importante; como tem cuidado da sua saúde?
DC: Primeiramente mantendo o isolamento social. Então cuidando da mente através das videoconferências com minha psicóloga. Comprei uma bicicleta ergométrica semana passada também, que fará total diferença pois, a necessidade de gastar energia e se exercitar é gigantesca no isolamento. Tenho mantido uma alimentação saudável e balanceada o que ajuda na qualidade de vida indiscutivelmente - o confinamento e o tédio fazem as pessoas ficarem beliscando e comendo o tempo todo e temos que ter atenção a isso. Há duas opções: sair do isolamento social com shape do Jô Soares ou da Gisele Bundchen e optei pela segunda opção (risos).
Qual seu desejo no momento?
DC: Reaprender a viver isso tudo com sabedoria. Ver o mundo novamente, ver os restaurantes, bares, boates, teatros, cinemas e shows cheios de gente, aqui em Londres e em Bangladesh; que todo mundo consiga superar esse momento tão delicado da melhor maneira possível e que permaneçam vivos! Isso é tudo no momento e já está de bom tamanho!
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