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Entrevista com a produtora e atriz Fernanda Thurann

Por Pedro Henrique de Sousa


Fernanda em foto de Vinícius Mochizuki

A curitibana Fernanda Thurann voltando dos Estados Unidos, onde estudou no The Lee Strasberg Theatre & Filme Institute, traz para o Brasil influências e muitas novidades. Em 2018, como produtora e atriz, fez a peça "Dogville", em parceria com o seu sócio Felipe Lima, no RJ e SP.

Nesse meio tempo, conheceu o diretor de cinema Pedro Gui, agora seu sócio no audiovisual pela Brisa Filmes e Roda Filmes. Dessa junção, nasceu a BR Produções (agora com sede em SP) que já tem no currículo os longas metragens "Rogéria - Senhor Astolfo Barroso Pinto", premiado em festivais brasileiros e no Los Angeles Brazilian Film Festival, que estreou em outubro de 2019 com grande sucesso nas salas de todo o Brasil, e "Cabrito", longa de terror com estreia prevista para outubro desse ano na Espanha. Na sequência, Fernanda vai filmar, quando essa pandemia acabar, o longa "Operação Coyote", com Leandro Hassum.


Como produtora e atriz, como você imagina o mundo do teatro e do cinema quando essa pandemia acabar? E qual a sua visão atual?

Fernanda: Com certeza ainda demoraremos um tempo até que as coisas voltem ao que nós conhecíamos como "normal", se é que voltará mesmo com o "fim" da pandemia, diante de tantas incertezas, novas ondas de contaminação e de não termos uma vacina. A única certeza é que precisaremos ser criativos e estratégicos nas montagens de espetáculos com produções que contem com elencos e equipe técnica menores, por exemplo. O cinema infelizmente está na mesma situação que as casas de espetáculo teatrais. A proibição de aglomerações e até o próprio receio das pessoas afasta os espectadores das salas de cinema e teatro. Mas não duvido da genialidade dos profissionais da indústria criativa brasileira. As possibilidades na composição do palco são infinitas. Vamos repensar nossa maneira de interagir, tocar, falar uns com os outros na vida real e isso vai se refletir nos palcos de teatro e nas telonas de cinema.

E as plataformas de streaming? Devem ganhar um espaço ainda maior?

FT: Podemos dizer que as plataformas já vinham ganhando um espaço enorme, com tudo isso, acredito terem potencializado um fenômeno que talvez demorasse mais 2 ou 3 anos para acontecer, mas que acredito ser sem volta. Estamos mudando nosso foco para a distribuição nas plataformas de streaming para levar nossos filmes aos espectadores. Um exemplo é o nosso filme de terror “Cabrito”, do diretor Luciano de Azevedo. Ele estava planejado para ser lançado ao final do ano nas salas de cinema, depois de uma produtiva temporada de festivais mundo afora, mas é possível que ele pule direto para as plataformas de streaming.

Como você pretende apresentar o seu monólogo? Quem é o autor do texto?

FT: A autora e também diretora do monólogo é a franco-paraense Monique Debouteville. A ideia toda inclusive nasceu no seio de sua pesquisa de doutorado pelas universidades Paris 8 França e Universidade Federal do Pará NAEA/UFPA. Nesse momento tão delicado em que temos a questão do distanciamento, teatros fechados e sem data concreta de retorno, pretendemos apresentar em lugares abertos, por tomar forma de contação de histórias e ter um cenário bastante enxuto.

O que você está trazendo de novo para o cinema e o teatro brasileiros?

FT: No centro dessa iniciativa situamos a preservação e a transmissão de práticas tradicionais da cultura brasileira, no caso do monólogo mais especificamente da cultura amazônica/marajoara. No cinema com Rogéria por exemplo, foi claro uma homenagem a essa grande artista, mas também uma forma de salvaguardar nossa memória e apresentá-la a novas gerações.

Conta como vai ser o "Operação Coyote?

FT: Nosso cronograma com Coyote foi adiado em alguns meses já que, assim como nós, todos os nossos parceiros do mercado estão reavaliando suas estratégias. Estamos usando este tempo para aprimorar nosso planejamento das filmagens, do roteiro e angariando investidores e parceiros para a produção.

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