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  • Foto do escritorVoz de Portugal

A Coroa que Busca a Cabeça - O vírus que une o mundo

Por Eron Falbo


A coroa é um símbolo antiquíssimo que representa os raios solares. Ela é usada acima da cabeça para significar que há algo intangível acima do intelecto. Usada pelos Reis para demonstrar que o Rei não é o regente máximo, e sim, que há algo que está acima dele, Deus, simbolizado pelo Sol. Coroa em latim é Corona. O vírus ganhou esse nome por parecer uma coroa. Parece superficial, mas quem sabe a revista Nature (1968), que foi a primeira a usar o nome para o Vírus, não estava tocando inconscientemente em algo muito mais profundo.


Há algo que está acima do individualismo, do hedonismo, do consumismo e egoísmo moderno. Isto é, a condição humana: a fragilidade, a compaixão, a serenidade, a contribuição social sem busca por recompensa. Tudo isso nós perdemos no mundo moderno pós-industrialista em nome da produtividade, do conforto e avanço tecnológico. Agora, o Coronavírus forçou todos a testemunharem de novo essas coisas que perdemos. Jovens usando máscara não para se proteger, mas para não espalhar a doença, caso ele tenha o vírus e esteja sem sintomas. Vizinhos ajudando vizinhos que talvez antes nunca tinham parado para conhecer. A produtividade exacerbada repentinamente cessada em prol da vida de idosos, a maioria dos quais não são mais produtivos para a indústria.


Historicamente um Rei nasce da necessidade de união de vários líderes de diferentes regiões que por terem costumes e cultura em comum se unem para se defenderem de uma ameaça externa. Assim nasceram as todas as nações do mundo. Quando um Rei morria e não tinha sucessor, era de costume dizer que a coroa buscava uma cabeça, pois sem um Rei, todas as regiões que se uniram para formar aquela nação podiam se desunir. A união precisava sempre ser coroada.


A coroa pode ser vista na arte de todas as culturas do mundo sendo colocada na cabeça do Rei pelos anjos ou pelos Deuses. Ou seja, é considerada algo que vem de Deus e não do homem, para homologar aquela união de líderes que aquele Rei representa.


O rei que não é coroado por Deus, e se auto-coroa, é considerado um tirano. Pois ele não está representando nada acima dele, é auto-suficiente, não precisa de mais ninguém. Assim é o indivíduo moderno, e consequentemente as nações do mundo. Em tempos antigos era dito que Deus era inimigo dos tiranos e todo tirano é combatido e derrotado em uma questão de tempo.


Coronavírus então pode ser visto como uma coroa em busca de uma cabeça, que é uma humanidade unida, uma coroa entregue pela natureza, além do alcance humano. A mesma coroa veio para desafiar nossa auto-coroação egoísta e combater a tirania do individualismo e falso racionalismo.


“Heavy is the head that wears the Crown” diz Shakespeare no seu livro Henry IV: pesada é a cabeça que veste a coroa. A coroa vem com novas dificuldades, desafios e responsabilidades para todos nós. Mas também traz consigo ao invés de várias regiões separadas e vulneráveis, com seus povos sempre temendo invasões dos mais fortes, a possibilidade de uma nação maior, mais forte, mais poderosa, mais capaz e capaz de mais, onde todos os líderes ali unidos vivem em paz e prosperidade, não mais vulneráveis ao inimigo e nem às rixas banais entre eles próprios.


Esse vírus é um inimigo que pode nos preparar para combater inimigos bem maiores se nos uníssemos. Os infectologistas estão nos advertindo da possibilidade do que estamos vivendo hoje há décadas. E sabemos que o potencial viral é de um estrago milhares de vezes maior, sem contar outras centenas de vulnerabilidades humanas que vem da natureza. Os pequeninos líderes tribais, talvez, precisem começar a pensar em algo acima deles próprios.


O Isolamento Social global colocou todos numa mesma situação, e mostrou o quanto temos em comum apesar das aparentes diferenças. Agora, estamos todos na internet espalhando os mesmos vídeos, em todo lugar do mundo. Vídeos das mesmas coisas que fazemos em casa, lendo, dormindo, fazendo exercício, escrevendo, assistindo Netflix. Vídeos com familiares, pets, objetos significativos e que mostram os mesmos sentimentos: solidão, alegria, medo, preocupação, esperança, generosidade. Em todas as nações os mesmos posts, em línguas diferentes as mesmas palavras. Afinal, dentro do lar, é tudo igual. A mulher muçulmana não usa burca, o soldado não usa uniforme, o político para de fingir. Tudo o que nos separa se extingue e a camisa do nosso time se torna uma máscara hospitalar.


A coroa de uma humanidade unida pode vir através das consequências do Coronavírus. Quem sabe isso não pode ser o começo de uma nova era, que todas as nações passem a se unir acima das diferenças, acima da razão que as convence da necessidade da separação. Quem sabe a Terra não pode ser um reino só, cada nação um Ducado respeitado e independente, mas pronto para servir o bem maior. E a humanidade possa assim ser Coroada, sempre carregando acima dela, algo além da mente e da razão, valores e princípios que todos nós prezamos, a realeza que todos nós já conhecemos bem e temos dentro de cada lar.




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