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FLITABIRA, que contou com escritora portuguesa, terminou com “excelentes resultados”

Igor Lopes


A comemoração dos 120 anos de nascimento de Carlos Drummond de Andrade formou o conceito da segunda edição do Festival Literário Internacional de Itabira – Flitabira -, que aconteceu, no Brasil, entre os dias 31 de outubro e 6 de novembro de 2022, mostrando, segundo os seus organizadores, “um crescimento de público presente em 40%, ou seja, 14 mil pessoas presentes”. O acesso às redes sociais e de informação do evento alcançou mais de 1 milhão de impressões. A programação do Flitabira vai estender-se por mais um tempo, nas atividades do “Pós-Flitabira”, por força das “exposições e outras ações em curso na cidade”.

“Inovador, o festival se realizou no formato Figital, que interliga as dimensões possíveis da experiência: ao vivo e on-line, com quatro convidados em palcos de cidades diferentes (Itabira e São Paulo), transmitidos em duas páginas distintas do Youtube – @cpfsesc e @flitabira) – e, em ambos, público presente e participante. Assim foi a abertura, no dia 3/11: https://bit.ly/3UJRLI1”, disseram os organizadores.

O Festival reuniu 115 autores e autoras, incluindo locais (62), nacionais (51) e internacionais (2) em mais de 60 mesas de debate, além de exposições, shows de jazz e atrações para crianças e jovens. Do elenco de convidados, 51 são mulheres, 43 são negros e 14 se reconhecem como LGBTQIAPN+. Além disso, 42 afro-empreendedores da cidade foram retratados na composição da exposição “Muros Invisíveis”, em cartaz na principal praça de Itabira até o final do ano. Some-se a isso também os mais de 30 slamers que participaram na “Batalha de Slam”.

Portuguesa, presente!

A escritora Rute Simões Ribeiro, uma das revelações da nova prosa portuguesa, realizou o lançamento do livro “A breve história da menina eterna” (Editora Nós), no dia 5 de novembro. “A breve história da menina eterna” tem como protagonista uma menina que se apresenta como “M”, nascida em um lugar onde ninguém fala sobre a morte por não saber lidar com ela. Com cerca de 100 páginas, o livro trata deste tema a partir de uma narradora que tece um texto poético, cuidadoso e repleto de sensíveis reflexões.

Como destaca a jornalista e escritora cearense Socorro Acioli na introdução do livro “A morte existe, mas estamos vivos”, depois de encerrarmos nosso convívio com M, a menina eterna, paira uma pergunta: o que pensa fazer nas vidas que lhe hão de vir? A certeza da Morte é, sobretudo, a confirmação diária do quanto precisamos cuidar da Vida que pulsa hoje. Agora. Este romance é sobre a compreensão da Vida.”

Rute Ribeiro nasceu em 17 de novembro de 1977 em Coimbra e vive em Lisboa. Licenciou-se, “por convicção”, em direito e doutorou-se, “por acidente”, em política e gestão da saúde. Entre estes dois pontos, registou uma série de eventos pessoais e profissionais “irrelacionáveis”, a não ser pela lição de conjunto, ainda em estudo. Entre eles, “gosto de saber que, antes de me ter distraído, ajudei a fundar a secção de direitos humanos da Associação Académica de Coimbra e de ter podido trabalhar com jovens privados de crescimento em liberdade ao abrigo de uma tutela educativa”.

“Escrevo. Comecei a fazê-lo poucos meses depois de saber usar a palavra escrita. Não tenho como explicar o que terá acontecido, entretanto, mas só quase 30 anos passados soube reconhecer o que acontece quando escrevo. Sou plena, nada mais em falta. Até então, tinha-me deixado afinal distrair pelo que nunca teria sido suficiente. Estive possivelmente suspensa. Permanecia em transição. Julgo estar prestes a chegar onde só agora poderia ter chegado”, sublinhou Rute Simões Ribeiro.

Outros planos

No campo da economia local, o Flitabira reuniu 335 pessoas em suas diversas categorias de trabalho, contratados direta ou indiretamente, nas mais diversas áreas de atuação: montagem de estrutura, produção, comunicação, fotografia, transmissão on-line, segurança, limpeza, carregadores, gastronomia, somando somam 840 horas trabalhadas. A estrutura do evento contou com 1.300m2 de área coberta, somando 86 toneladas de estruturas e equipamentos.

Também em formato Figital, mais de três mil pessoas alternaram-se durante dia e noite em leituras ao vivo e pré-gravadas nos palcos do CPF Sesc, na capital paulista, e da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, em Itabira, simultaneamente. Estudantes, artistas, professores e voluntários fizeram leituras de poemas, crônicas e artigos do Poeta Maior em 24 horas ininterruptas de programação exibidas pelo canal do YouTube do Flitabira e do Centro de Pesquisa e Formação do Sesc (CPF Sesc).

Idealizado pelo jornalista e empreendedor cultural Afonso Borges, o Flitabira teve como curadores locais a professora e mestre em Literatura Sandra Duarte e o gestor cultural Rafael de Sá. A curadoria nacional ficou por conta dos escritores Antônio Carlos Secchin e Tom Farias.

Mais de 60 mesas de debates foram montadas, sendo que 48 aconteceram presencialmente em Itabira e 12 on-line, gravadas previamente. Trata-se do “12 x 120” – um ciclo de debates virtuais em homenagem aos 120 anos de nascimento de Carlos Drummond de Andrade. A série consistiu em 12 painéis com dois convidados cada, abordando tanto os aspetos genéricos quanto académicos da obra do poeta itabirano. Participaram 24 convidados: Adriano Espínola, Antônio Torres, Arnaldo Saraiva, Catita, Edmilson Caminha, Éle Semog, Elisa Lucinda, Elisa Pereira, Emmanuel Santiago, Eucanaã Ferraz, Felipe Fortuna, Flávia Amparo, Gilberto Araújo, Gilberto Mendonça Teles, José Miguel Wisnik, Lilian Almeida, Marcelo Torres, Miguel Sanches Neto, Míriam Alves, Paulo Scott, Paulo Vicente Cruz, Ricardo Vieira Lima, Salgado Maranhão, Sérgio Alcides. Os mediadores foram Afonso Borges, Antônio Carlos Secchin e Tom Farias.

Das 48 mesas presencias que aconteceram em Itabira, 24 contou com a presença de autores nacionais e internacional. Dentre os convidados que estiveram presencialmente em Itabira estão Ricardo Aleixo, Carla Madeira, Tom Farias, Rute Simões Ribeiro -Portugal-, Simone Paulino, Suely Machado, Adriano Fagundes, Thiago Lacerda e Pedro Drummond, artista visual, neto e curador da obra de Drummond. Todas os debates ficam disponíveis no canal do Flitabira no Youtube.

Para o curador e escritor Tom Farias estar em Itabira é se reconectar de alguma maneira com o poeta Drummond.

“O público – jovens, crianças, homens e mulheres – se sente representado quando a gente traz esse assunto da poesia, do Drummond, e joga luz nessa cidade ‘de ferro’. Com o festival, a gente reverencia Drummond e, ao mesmo tempo, Itabira”, afirmou Tom Farias, destacando que “a cultura pode ser um elemento fundador de novas mentalidades, pode curar doenças psíquicas, promover a união. A literatura salva as pessoas”.

A música também esteve presente no festival, por meio da parceria do Flitabira com o ViJazz, que apresentou nove shows, incluindo nomes renomados nacionais e internacionais ao palco do evento, como Camillle Bertault, James Boogaloo Bolden e Tia Carroll.

O Flitabira é viabilizado com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura e parceria do SescSP e Prefeitura de Itabira.

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