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“O Caso Mental Português”, de Fernando Pessoa, regressa às livrarias com dois inéditos


22 jun 2020 - O livro "O Caso Mental Português", de Fernando Pessoa, vai regressar às livrarias na próxima quinta-feira, com edição dos investigadores Richard Zemith e Fernando Cabral Martins, incluindo "dois textos até agora inéditos", anunciou a editora Assírio & Alvim.

"A minha resposta ao que me pergunta" e "O característico distintivo", os textos inéditos agora recolhidos em livro, encontram-se na segunda parte desta edição, entre os 19 "trechos vários e fragmentos".

A primeira parte inclui "artigos e entrevistas", entre os quais "Portugal, vasto império - um inquérito nacional", "O Provincianismo português" e "Entrevista sobre arte e literatura".

"Se fosse preciso usar de uma só palavra para com ela definir o estado presente da mentalidade portuguesa, a palavra seria provincianismo (...). O amor às grandes cidades, às novas modas, às últimas novidades, é o característico distintivo do provinciano".

O livro tem edição de Richard Zemith e Fernando Cabral Martins, que, no prefácio, recordam como Fernando Pessoa (1888-1935), ao longo da vida, voltou várias vezes ao "caso mental português", publicando artigos e dando entrevistas, culminando, em 1928, na publicação de "O Provincianismo Português", a que se seguiu a edição, em 1932, de "O Caso Mental Português", na revista "Fama".

Pessoa partiu da tomada de consciência, no século XIX, por Antero do Quental e Eça de Queirós, do que estes autores consideraram a marginalidade e decadência de Portugal.

Afirmam os editores desta edição, que "a linha que segue Pessoa pouco ou nada tem a ver com a reflexão moderna iniciada pela Geração de [18]70", da qual Eça e Antero fizeram parte.

Segundo os editores, que citam Eduardo Lourenço, "dá-se em Pessoa um processo de efetiva 'desprovincialização' do imaginário português", e é nele que "consiste a resolução da decadência".

Segundo Zemith e Cabral Martins, "a análise da psique portuguesa levada a cabo por Pessoa não se reduz a uma colocação sociológica ou cultural do problema", o provincianismo é "caracterizado pela confiança cega na inspiração e definido noutros textos pela 'vivacidade pobre' na emoção e, sobretudo, pelo 'espírito de imitação'".

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