Marcelo Rebelo: ‘que não se deixe morrer celebração dos 200 anos de independência do Brasil
O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu nesta terça-feira que é um dever dos dois lados do oceano Atlântico não deixar morrer a celebração dos 200 anos de independência do Brasil, em que já anunciou a intenção de estar presente.
Marcelo Rebelo de Sousa deixou este apelo no Museu de Marinha, em Lisboa, na cerimônia de abertura das comemorações do centenário da primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada por Sacadura Cabral e Gago Coutinho em 1922, quando se celebraram os 100 anos da independência do Brasil em relação a Portugal.
O chefe de Estado português disse que este foi um feito na altura também “vivido intensamente no Brasil” e que “reuniu os dois povos, superou as vicissitudes econômicas e sociais e políticas de um lado e do outro do Atlântico e permitiu efetivamente reacender os laços de amizade fraternal”.
“A travessia um fator essencial na aproximação entre os dois Estados e os dois dois povos. Eis um bom motivo de reflexão – pensava para comigo mesmo, ao ouvir os oradores anteriores – neste ano em que celebramos 200 anos da independência do Brasil. Não podemos permitir que vicissitudes conjunturais de qualquer ordem afetem um momento que deve ser simbólico e significativo na vida dos dois Estados e das duas nações irmãs”, acrescentou.
Assinalando que nesta cerimônia estava presente “a representação da Embaixada do Brasil”, Marcelo Rebelo de Sousa deixou “uma chamada de atenção para portugueses e brasileiros, para autoridades portuguesas e brasileiras, para que se não perca aquilo que é um dever nacional de um lado e de outro do oceano de não deixar morrer a celebração deste segundo centenário”.
O Presidente português apontou Sacadura Cabral e Gago Coutinho como “dois heróis portugueses que deram o exemplo de como celebrar o centenário da independência” do Brasil.
E pediu que, seguindo o seu exemplo, as atuais autoridades dos dois países estejam, “no mínimo, à altura daquilo que foi a originalidade do nascimento do Brasil, única em todos os processos de descolonização, sendo o primeiro imperador brasileiro o filho primogênito do imperador e rei de Portugal”
O Presidente português referiu que estava também na assistência “o senhor embaixador Francisco Ribeiro Telles, que tem a missão árdua de acompanhar do lado português a celebração do segundo centenário da independência do Brasil”.
No exterior do Museu de Marinha, ao despedir-se de Francisco Ribeiro Telles, Marcelo Rebelo de Sousa observou: “É preciso é que eles nomeiem o brasileiro responsável”.
Na cerimônia estiveram, entre outros, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas (CEMGFA) e os chefes de Estado-Maior da Armada, Força Aérea e Exército.
Marcelo Rebelo de Sousa salientou a importância da participação do CEMGFA, “simbolizando a unidade das Forças Armadas”, e dos chefes dos três ramos militares.
No inicio do seu discurso, o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas afirmou que “povos sem memória, nações sem memória são povos, já alguém o disse, destinados a não poderem construir o seu futuro”
Sobre a travessia do Atlântico Sul realizada há cem anos, sustentou que “podia ter terminado em insucesso, e não foi insucesso porque persistiram [Sacadura Cabral e Gago Coutinho], e com eles persistiram os governos de Portugal e do Brasil, as autoridades navais portuguesas, todo o povo português”.
“O Presidente brasileiro empenhou-se ele próprio na obtenção, conjuntamente com as autoridades portuguesas, da última aeronave que permitiu terminar a travessia”, realçou o chefe de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa recordou que nos dois lados do Atlântico se vivia na altura “tempos difíceis” em 1922, mas que o então Presidente de Portugal, António José de Almeida, conseguiu, “embora com atraso, chegar às celebrações do centenário da independência” do Brasil.
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