Voz de Portugal
Entrevista com Eduardo Ávila, diretor do projeto Revolusolar
Por Pedro Henrique de Sousa
Eduardo Avila é economista pela UFRJ, com passagem no mercado financeiro e empreendedorismo. Desde 2018, atua como voluntário na Revolusolar. Hoje, é diretor executivo da instituição, que atua com o propósito de promover o desenvolvimento sustentável nas favelas da Babilônia e Chapéu Mangueira, no Rio de Janeiro.
Para que favelas o projeto foi feito? O mesmo pode ser adaptado para outras comunidades do Rio e de mais estados?
A Revolusolar foi fundada dentro da favela da Babilônia, em 2015. Desde então, atuamos nesta comunidade. Em 2020, com o novo projeto da Cooperativa, a favela do Chapéu Mangueira (vizinha à Babilônia) será também beneficiada.
O projeto da Cooperativa é um piloto de um novo modelo que pretende-se que seja replicável e sustentável para outras comunidades no Rio e no Brasil.
Em que consiste o projeto Revolusolar? Quais os objetivos do projeto?
A Revolusolar é uma organização social que tem como propósito o desenvolvimento sustentável de comunidades através da energia solar.
Temos 4 eixos de atuação:
GERAÇÃO DE ENERGIA LIMPA - Nossas instalações solares reduzem as despesas com energia da favela, empoderam o consumidor e promovem a sustentabilidade da comunidade.
PROGRAMA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL - A capacitação profissional dos moradores como eletricistas e instaladores solares promove a geração de empregos locais de qualidade e fomenta o protagonismo e autonomia da comunidade no projeto.
EDUCAÇÃO INFANTIL - As oficinas infantis promovem a conscientização da nova geração sobre energia renovável e sustentabilidade, e fazem a comunidade se engajar ainda mais no projeto.
PESQUISAS, EVENTOS E ADVOCACY - Acreditamos na importância de gerar e disseminar conhecimento sobre energia, além de representar os interesses da população de baixa renda no setor energético.
Chamamos nossa metodologia de trabalho de ‘Ciclo Solar’. As instalações são realizadas e mantidas pelos eletricistas e instaladores solares formados na comunidade. Essa capacitação, aliada às oficinas, promovem envolvimento da população local em todos as fases do projeto
AUXÍLIO EMERGENCIAL: Com a pandemia de 2020 e a falta de amparo à população das favelas, iniciamos a Campanha Babilônia e Chapéu Mangueira Contra o Coronavírus, estruturada em 3 eixos de atuação: segurança alimentar, saúde (higienização e prevenção) e conscientização.
Do que depende a implantação do projeto Revolusolar? Como obter os recursos para essa implantação?
Reunimos recursos a partir de diversas parcerias que formamos. Contamos com uma equipe de cerca de 40 voluntários qualificados (economistas, engenheiros, advogados, publicitários, etc.). Também contamos com parcerias locais nas favelas, o que é fundamental para o engajamento local e o sucesso do projeto. Por fim, formamos parcerias com empresas do setor energético, que contribuem com serviços e equipamentos necessários para operar as usinas solares.
No momento, estamos captando doações online do público geral para a implementação do próximo projeto (a primeira cooperativa de energia solar em uma favela do Brasil), através deste link.
Qual a escolaridade necessária para o treinamento profissional que o projeto propõe? Do que constam as oficinas infantis?
Nosso programa de formação profissional é aberto a todos os interessados, desde que moradores das favelas beneficiárias. O curso começa com uma aula de Introdução à Eletricidade, e os participantes com melhor engajamento e participação são selecionados para os módulos mais avançados.
As oficinas infantis são realizadas dentro das comunidades beneficiárias, e são ministradas por professoras locais com experiência em educação infantil e educação ambiental. Temos 2 turmas: 5 a 9 anos e 10 a 15 anos. As aulas são sobre sustentabilidade na prática e energias renováveis. As crianças são incentivadas à valorização dos recursos e forças da comunidade que residem, para aproveitar o que há de melhor no território.
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